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A Cidade mais Alta, a GUARDA por si!

Situada numa das encostas da Serra da Estrela, é a cidade mais alta de Portugal, a 1056 metros. Este facto contribuiu para que fosse uma praça de guerra por natureza desde a pré-história, ideal para o estabelecimento das populações castrejas e mais tarde dos romanos. A sua situação altaneira justifica a designação de “escudo da Estrela”. 

Na cidade mais alta de Portugal um ar de montanha, leve e saudável, corre por entre as ruas medievais a que o granito dá nobreza e uma cor morena. É essa a cor da Sé Catedral. Alta, imensa e imponente, tem aspeto de fortaleza com as possantes torres erguendo-se como símbolo de defesa da fé e do território. E se o exterior nos impressiona pela inspiração do desenho e da decoração gótica, lá dentro surpreende pela esmagadora altura das naves e um enorme retábulo todo esculpido em pedra.

Cá fora, na praça, as arcadas quinhentistas albergam cafés onde podemos descansar e ver como pulsa o coração da cidade. Daqui partem ruas estreitas de palácios em granito e casas antigas com janelas góticas e gárgulas nos beirais. Todo o centro histórico está protegido por muralhas, portas e torres medievais que chegaram até aos nossos dias quase intactas.

Junto às muralhas situa-se a Judiaria. A maioria das construções remonta à Idade Média, conservando símbolos gravados na pedra e a arquitetura original com duas portas – uma estreita para acesso ao piso superior residência da família, e outra mais larga para a loja no piso térreo, já que a maioria dos judeus se dedicava ao comércio.

A visita não ficará completa sem uma passagem pelo Museu da Guarda instalado no antigo Paço Episcopal, pela Igreja da Misericórdia de interior barroco e pela Igreja de São Vicente com notáveis painéis de azulejos. Fora do centro urbano, a Capela de Nossa Senhora do Mileu, em estilo românico, é um dos monumentos mais antigos, anterior ao século XII.

Reconhecido como importante baluarte fronteiriço, em 1199 D. Sancho I fundou a cidade da Guarda, elevando-a a sede de Bispado com Sé Catedral. A transferência da sede episcopal da Egitânea (Idanha-a-Nova) para a Guarda revelou-se um momento marcante na História da cidade. Impunha-se a construção de raiz duma Catedral digna da sua importância. O Templo é gótico com traços estéticos que se prendem com os tempos e artistas que participaram na construção. A planta é a das catedrais góticas, onde se destaca o retábulo da capela-mor, em pedra de ançã, atribuída a João Ruão.

Construído o castelo, as muralhas foram reforçadas por D. Afonso II e D. Afonso III, cujos troços, integrados no casario, ainda são visíveis na Torre de Menagem, na Torre dos Ferreiros e nas Portas da Erva e d´El Rei. No ponto mais alto da cidade ergue-se a Torre de Menagem, símbolo máximo de toda a estrutura defensiva, e sinal da altivez destas gentes que, ao longo dos séculos, defenderam a fronteira. Uma visita a este espaço, ajudará a compreender a importância que a Guarda teve na consolidação das fronteiras do atual território Português.

Em 1510, o foral da cidade foi renovado por D. Manuel I. Ainda no séc. XVI, o bispo D. Nuno de Noronha, empenhado em renovar a vida eclesiástica, realiza algumas obras de grande valor, entre as quais se destaca o Seminário e o Paço Episcopal, hoje transformado em Museu da Guarda.

Durante o séc. XVIII, a Guarda reflecte modestamente a política régia de ostentação com a reconstrução da Igreja de São Vicente e da Igreja da Misericórdia. Com o séc. XIX iniciou-se um período de transformação para a cidade. Depois das Invasões Francesas que desolaram a área fronteiriça, a Guarda é elevada a capital de distrito em 1835 e em 1881 recupera a jurisdição do efémero bispado de Pinhel e do de Castelo Branco, ambos criados pelo Marquês de Pombal. O melhoramento das vias de comunicação e a renovação de infra-estruturas ajudaram a resolver o problema da interioridade que ameaçava esta região e a abrir as portas ao progresso e ao desenvolvimento, sem, no entanto, eliminar por completo as carências regionais.

Mais de oito séculos de história e um vasto património natural e afetivo fazem da cidade mais alta um local de visita obrigatória. Diz a sabedoria popular que foi nesta cidade que D. Sancho I, o rei fundador, terá suspirado de amores pela sua Ribeirinha. Há até quem lhe atribua, a propósito dessa amizade, a frase "Muito me tarda o meu amigo na Guarda".

Mas para além do indubitável valor histórico, o concelho oferece uma mão cheia de roteiros temáticos de uma riqueza patrimonial e cultural surpreendente, privilegiando o contacto com a natureza. O famoso cobertor de papa de Maçainhas, a cestaria de Gonçalo ou a cutelaria do Verdugal são exemplo de algum do artesanato da região. E na gastronomia nada como deliciar-se com a Morcela da Guarda e muitos outros enchidos típicos desta região de montanha.

Mais de oito séculos de História encerram uma dualidade cultural e religiosa entre Católicos e Judeus, legando à cidade uma valiosa herança. Escondidos nas ruas estreitas da cidade, existem pormenores únicos da arquitetura civil e militar e também marcas de um património para, muitos desconhecido, que merece um olhar atento.

 

 

 

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O Concelho da Guarda goza de uma forte identidade cultural, modelada por uma Natureza prodiga em belezas naturais e por uma História multissecular. Manifesta-se em paisagens grandiosas, em povoados e em edifícios de grande carácter, ora de pequena escala, ora da maior monumentalidade. A não perder...

SÉ CATEDRAL DA GUARDA

Com a transferência da sede de Bispado de Idanha-a- Velha para a Guarda, em 1203, por influência de D. Sancho I, foi necessário promover a construção de uma Sé Catedral. Desconhecendo-se o edifício primitivo, sabe-se que a construção da atual Sé Catedral se iniciou a partir de 1390 mas, dada a envergadura do projeto, as obras arrastaram-se e o edifício só foi terminado em pleno contexto manuelino (inícios do século XVI).

O interior da Sé, de grande clareza compositiva, é de conceção gótica, merecendo relevo o retábulo monumental do altar da cabeceira, esculpido em pedra de ançã e atribuído à escola de João de Ruão, representando episódios da Vida de Cristo. As qualidades construtivas e estéticas da Sé Catedral fazem desta um dos monumentos maiores de toda a história da arquitetura portuguesa.

TORRE DE MENAGEM

Atualmente isolada e implantada no alto dos 1056m de altitude, a construção da Torre de Menagem recua ao século XIII e encontrava-se integrada numa estrutura militar e residencial denominada Alcáçova, que constituía um paço fortificado onde residia o alcaide-mor e sua família e que ao mesmo tempo servia de aquartelamento para a respetiva guarnição militar.

Do primitivo castelo resta a Torre de Menagem, de planta pentagonal irregular. Situada a 1056 metros de altitude, oferece uma deslumbrante perspetiva da cidade e de toda a região envolvente.

 

MUSEU DA GUARDA

O Museu da Guarda, situado no centro da cidade, está instalado no antigo Seminário Episcopal mandado construir em 1601 pelo Bispo da Guarda, D. Nuno de Noronha. O edifício faz parte integrante de um conjunto arquitectónico que ocupa todo o quarteirão e que inclui o antigo Paço Episcopal da mesma época. A função primeira do edifício prolongar-se-ia até ao início do séc. XX. Desde então e durante alguns anos, vários serviços militares ocuparam o edifício e também o Museu da Guarda aí encontrou instalações em 1940, ano da sua criação.

Entre 1983 e 1985 procedeu-se à requalificação do edifício e do discurso expositivo. O seu espólio é constituído por colecções de arqueologia, numismática, escultura e pintura sacras entre os sécs. XIII e XVIII, armaria dos sécs. XVII a XX. Na pintura, no desenho e na escultura, dos sécs. XIX e XX, destacam-se obras de Columbano, Veloso Salgado, José Tagarro e João Vaz.

 

IGREJA DA MISERICÓRDIA DA GUARDA

Embora modesta, é a obra barroca mais importante da cidade, com as formas e o trabalho da pedra acentuados pelo contraste do granito com o branco das paredes caiadas. Em termos urbanos marcou no séc. XVIII, época da sua construção, o avanço definitivo da cidade para fora das muralhas medievais.

Artisticamente, reflecte um barroco característico da região, onde muitos pedreiros e mestres de obras vindos do Norte trabalharam, sobretudo minhotos, o que justifica a transição brusca de estilo em relação ao resto do património da cidade. Não se conhece o autor mas sabe-se que foi encomenda real de D. João V, cujo brasão podemos ver na parte superior do portal. Ao alto da fachada, num nicho, a imagem da padroeira, a Virgem da Misericórdia. No interior, de nave única, salientam-se os altares em estilo barroco, principalmente o da capela-mor de grandes dimensões.

 

IGREJA DE SÃO VICENTE

Fica situada na Rua Direita, num dos eixos principais da cidade que fazia a ligação entre duas das portas da antiga muralha, a Porta d´El Rei e a Porta da Erva. Com fundação medieval, a Igreja de São Vicente que vemos actualmente corresponde a uma reconstrução efectuada no séc. XVIII, iniciada em 1790, por iniciativa de D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva, bispo da Guarda entre 1772 e 1797. O risco deve-se a António Fernandes Rodrigues, de formação italiana, nomeado professor de desenho da Casa Pia em 1781.

Na igreja, de nave única, destaca-se o programa iconográfico do revestimento azulejar, atribuído ao artista conimbricense Sousa Carvalho. Os painéis historiados representam temas fundamentais da doutrina cristã, entre os quais se destaca a Anunciação, a Torre de David, a Visitação, a Adoração dos Magos, a Fuga para o Egipto e a Paixão de Cristo. A capela-mor, virada simbolicamente para Oriente, foi construída num plano mais elevado ao da nave, sendo antecedida por degraus. Este facto e a iluminação escolhida fazem parte de uma cenografia característica do barroco.

 

ANTIGO BAIRRO JUDAICO

A presença judaica na Guarda está documentada desde o século XIII e seria uma das mais importantes da Beira Interior. Localizava-se na Paróquia de S. Vicente, no interior do perímetro amuralhado, próximo dos principais eixos viários da cidade medieval, nomeadamente a Rua de S. Vicente, a antiga Rua Direita e o Largo de S. Vicente, locais de grande circulação, que permitiam e facilitavam o desenvolvimento da atividade comercial dos membros desta comunidade. Uma das referências mais importantes era a Sinagoga, instalada numa habitação aforada ao monarca. Lá se desenrolavam algumas das atividades mais importantes da comunidade, sendo a sinagoga o cenário das práticas religiosas, mas onde também podiam ocorrer atividades de cunho educativo ou até judicial.

 

CAPELA DE NOSSA SENHORA DO MILEU

Situada fora das muralhas, um pouco afastada do centro urbano, a Capela de Mileu é um dos monumentos mais antigos da Guarda. Não existem dados concretos sobre a sua origem, mas acredita-se que já existia durante a ocupação árabe do território mantendo a fé cristã, sendo por isso anterior ao séc. XII.

Quanto ao topónimo, não se conhece o seu significado mas sabe-se que o termo em francês designava um tecido medieval. Em finais do séc. XIII era conhecida a romaria a Nossa Senhora de Mileu, que se tornou célebre a partir do séc. XV, talvez por se integrar num dos caminhos de peregrinação a Santiago de Compostela.

O robusto templo, como era característico das igrejas românicas, de proporções modestas, apresenta alguns elementos artísticos interessantes nas cachorradas das fachadas laterais e nas colunas do interior (bases e capitéis), utilizando o expressivo imaginário medieval (motivos vegetalistas, figuras humanas e fantásticas).

 

PARQUE ROSSIO DE VALHELHAS/PRAIA FLUVIAL DE VALHELHAS

Situado ao longo das margens do rio Zêzere, oferece todas as condições de uma praia fluvial, embora que apenas no período balnear. A qualidade das águas e suas infraestruturas têm merecido a atribuição da bandeira azul. Pelo sexto ano consecutivo, a praia fluvial de Valhelhas usufruiu do título de "praia acessível" e vê reconhecida a limpidez e a tranquilidade das águas do rio Zêzere, mas também a beleza natural de toda a área envolvente. A praia fluvial de Valhelhas destaca-se pelos acessos pedonais, estacionamento ordenado com lugares para as viaturas ao serviço das pessoas com deficiência, acesso à zona de banhos de nível, ponte acessível, sanitários acessíveis, posto de socorros acessível e existência de cadeira anfíbia.

Escondida num dos muitos recantos da Serra da Estrela, que alberga uma imensa variedade de espécies de fauna e flora, esta praia tem vindo a ser requalificada, todos os anos, num projeto conjunto entre a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal da Guarda. Atualmente, o visitante pode usufruir de passadiços nas áreas de circulação, parque de campismo, parque de merendas, bar de apoio, campo de jogos, sanitários, rampa submersa de acesso à água, área relvada além de inúmeras zonas de sombra.

 

PRAIA FLUVIAL DE ALDEIA VIÇOSA

A praia fluvial de Aldeia Viçosa continua a receber, todos os anos, milhares de banhistas atraídos pela qualidade que as águas do rio Mondego oferecem nesta zona, mas também pela imensa biodiversidade do Parque Natural da Serra da Estrela.

Situada na margem direita do rio, a jusante da barragem do Caldeirão, esta praia fluvial encontra-se dotada de uma multiplicidade de equipamentos e infraestruturas de apoio à prática balnear, criadas para que o visitante possa usufruir de toda a frescura da zona. A classificação de praia Acessível torna-a também indicada para deficientes motores.

 

 

 

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A gastronomia da Guarda encontra-se associada à gastronomia da Serra da Estrela inevitavelmente. Alguns pratos típicos a não perderes: cabrito assado no forno, arroz de pato à moda da guarda e bacalhau à lagareiro que podes encontrar facilmente nos restaurantes de cozinha regional.

Conhecer a gastronomia egitaniense significa conheceres uma gama diversificada de pratos à base de carne dada a localização geográfica da guarda e os terrenos propícios ao pastoreio. Existe também uma variedade apreciável de pratos de peixe originários de cursos de água doce. O bacalhau é a excepção, uma vez que o seu processo de conservação através da seca, permitiu desde sempre o seu consumo em latitudes distantes da orla marítima.

A carne de porco ocupa lugar impar na gastronomia local, sendo inúmeros os pratos confecionados com esta carne. Aconselhamos a não perder o delicioso presunto curado em sal marinho, o enchido da guarda (morcela, farinheira e chouriças) e o bucho com grelos. Outras carnes frequentes são o borrego, o cabrito, a vaca e as carnes brancas.

Por altura da época da caça aprecia pratos inigualáveis como o arroz de lebre malandrinho ou o javali com feijão. Se prefere peixe, além do tradicional bacalhau e das trutas, na atualidade encontra grande diversidade.

Se vier no início do ano não perca uma lagarada no interior de um moinho de azeite; no Carnaval experimente o bucho e os enchidos da Guarda. No Outono prove o ensopado de míscaros (cogumelos) de Trancoso e a sopa de castanhas (também as pode comer assadas, cozidas ou em doce). Na altura dos Santos Populares o caldo de grão da Guarda e as sardinhas são os reis. Durante a Primavera e o Verão delicie-se com a fruta da região (cerejas, pêssegos, peras, maças, figos, amoras e ameixas entre outras) que pode comprar diretamente ao produtor.

Preferencialmente, a gastronomia guardense deve ser apreciada na companhia de um bom vinho. Não se preocupe muito com a escolha, uma vez que o vinho da casa geralmente é bom, da região e com um preço simpático como os vinhos na Zona de Foz Côa (zona demarcada Douro) e Figueira de Castelo Rodrigo. Além destes ainda encontrará bons vinhos na zona de Gouveia e Fornos de Algodres (zona demarcada do Dão) e Pinhel.

No que respeita a doçaria destacam-se as Sardinhas Doces de Trancoso, as Cavacas de Pinhel, as Filhoses da Guarda, os Biscoitos, as Bolachas da Guarda, a Bola Parda e a Bola da Guarda. Na altura da Páscoa delicie-se com o Bolo de Azeite ou Folar da Páscoa, que tradicionalmente os padrinhos ofereciam aos afilhados; no Natal perde-te com a Rabanadas da Beira!

O ex-libris da gastronomia egitaniense é sem duvida o afamado e irresistível Queijo da Serra produzido com o leite de ovelha e coalhado com o cardo – originado da inflorescência do cardo (cynara cardunculus). A sua textura, consistência e sabor são verdadeiramente únicos. Este queijo é geralmente servido após a refeição e faz um casamento perfeito com o vinho do porto.

 

 

 

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