Penamacor é uma vila fronteiriça, sede de concelho, situada a uma altitude média de 550metros, calma e rural, próxima da Serra da Estrela.
A história de Penamacor permanece pouco conhecida desde tempos pré-históricos até ao século XII, excepção feita à época romana. Sabe-se que foi uma vila disputada pelos romanos, visigodos e mouros, tendo sido fortificada por Gualdim Pais, Mestre da Ordem dos Templários, no século XII, devido à necessidade de protecção da fronteira portuguesa.
O que resta do Castelo consegue demonstrar a sua importância defensiva desta tranquila vila, típica e relaxante, com bonitas Igrejas, como a da Misericórdia (século XVI), a de São Pedro e a Matriz, um bonito pelourinho do século XVI, o antigo edifício dos Paços do Concelho, em estilo manuelino, e a curiosa Judiaria de pequenas dimensões.
Penamacor prima pela sua paisagem natural magnífica e aqui se localiza a sede da Reserva Natural da Serra da Malcata, que abriga espécies como o lobo e a lontra numa área selvagem e densamente arborizada de cerca de 20 quilómetros quadrados, sobretudo conhecida por ser um dos últimos refúgios do quase extinto lince ibérico.
O concelho é constituído por várias pequenas e típicas aldeias com construções rurais de pedra, onde calma e paz de espírito imperam. Região de costumes e tradições ainda bem mantidas, preservam o seu Artesanato de bordados e rendas em linho e mantas de trapos tecidas no tear, e uma Gastronomia muito apreciada, destacando-se pratos como a Chanfana, o Cabrito Assado, diversos enchidos, Coelho Bravo, e doçaria Beirã, como o tradicional Arroz Doce ou o Pão de Ló.
A riqueza patrimonial de Penamacor resulta fundamentalmente do seu passado histórico e das condições geográfico-naturais do território. Estas duas circunstâncias moldaram, por sua vez, a cultura, o carácter franco, generoso e hospitaleiro das suas gentes.
História e Natureza é o slogan que espontaneamente acode à mente quando se viaja pelo concelho de Penamacor. A diversidade paisagística está bem patenteada no contraste entre o norte de vales verdejantes e serras intensamente florestadas, de onde descem pitorescos cursos de água, e o sul, que se abre à planície de Castelo Branco, onde predomina o sobreiral, com os seus ecossistemas característicos.
A Reserva Natural da Serra da Malcata, com os cerca de 16348 ha de área protegida, dois terços dos quais se integram no concelho de Penamacor, oferece-se aos amantes da natureza plena de vida e encanto, seja qual for a estação do ano em que se visite.
PENAMACOR - VILA MADEIRO
O Madeiro, designação que aqui assume a fogueira do Menino Jesus, é tradição forte em terras de Penamacor. Todos os anos, com o aproximar do Natal, por todas as freguesias do concelho, os jovens em idade de cumprir o serviço militar unem-se para cortar e transportar os troncos que alimentarão a fogueira para aquecer o Menino Jesus. O grande monte de madeira, depositado no adro da igreja, é ateado ao cair da noite do dia 24, à excepção de Penamacor, que arde de 23 para 24, e mantém-se aceso durante vários dias. Depois da ceia de Natal, a população reúne-se em redor da fogueira, num gesto ritual de fraterno encontro.
Em Penamacor, a chegada do Madeiro tem data marcada e o acto assume foros de festividade. De facto, no dia 8 de Dezembro, a população acorre generosamente à rua para saudar o cortejo de tractores e reboques, em número que procura sempre bater o antecedente, onde os jovens do ano, dantes só os rapazes e agora também as raparigas, empoleirados nos troncos, atiram à rebatina os frutos do ramo de laranjeira que a praxe manda trazer, cantando acompanhados à concertina.
Mas nem sempre as coisas se processaram de forma tão pacífica. Tempos houve em que encontrar lenha para o Madeiro era tarefa bem mais complicada. Dependentes da boa vontade das casas ricas locais, cujas ofertas ficavam aquém do desejado, os jovens viam-se na necessidade de roubar lenha, bois e carros, tudo a coberto da noite, para dar prova do brio da “Malta das sortes”. Assim se passava na generalidade das freguesias, onde a população ainda mantém o hábito de sair em peso à rua na noite da consoada. O Madeiro de Penamacor ganhou fama de ser o maior do país.
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ROTEIRO TURISTICO DE PENAMACOR
A vila de Penamacor destaca-se não só por concentrar um conjunto de serviços sociais e administrativos importante, mas também pelo notável património edificado, onde sobressai a zona monumental do Castelo. Aqui, podemos admirar a imponente Torre de Menagem e a grandiosidade da paisagem que dela se avista; a graciosa Antiga Casa da Câmara, assente sobre a antiga Porta da Vila; a forte muralha medieval e a Torre de Relógio. Já fora de muros, deparamos com o singular e elegante Pelourinho e, logo abaixo, com o magnífico portal manuelino da igreja da Misericórdia, expressão do gótico final português. Descendo pelas ruas estreitas, descobrimos a igreja de São Tiago, que, tal como a Misericórdia, remonta ao século XVI. É o principal templo de Penamacor.
Nas suas imediações encontram-se alguns dos mais interessantes exemplos de arquitectura civil da vila, como o Solar do Conde, que alberga a Biblioteca Municipal; a Casa do Dr. Elvas e a casa dos Pina Ferraz, hoje sede da Reserva Natural da Serra da Malcata. Do Largo D. Bárbara acede-se ao ex-Quartel Militar, edifício que lembra o importante passado histórico de Penamacor como Praça de Armas e onde se instalou o Museu Municipal. Uma escadaria monumental leva-nos ao Jardim da República, local ideal para repousar, tomar um refresco ou saborear um café. Mais além ergue-se o edifício dos Paços do Concelho, sede do poder autárquico municipal, datado de 1867. Perto, situa-se o convento de Santo António, relíquia arquitectónica do século XVI, cujo interior da igreja apresenta uma extraordinária decoração em talha dourada, que impressiona pela riqueza artística e carga simbólica que ostenta.
Saindo de Penamacor e rumando ao sul, tomamos o Pedrógão de São Pedro como ponto de partida para um passeio onde cada lugar se assume com identidade própria, cujos valores patrimoniais se interligam e completam entre si. Pedrógão apresenta talvez o núcleo urbano mais pitoresco e compacto de todas as freguesas do concelho, com as sua ruelas estreitas e construções em granito, que tem por centro o Calvário e a Capela de Santo António. Já de saída, a caminho de Bemposta, fica-nos na retina a bela silhueta do velho burgo.
Em Bemposta, surpreende a arquitectura popular, com os seus balcões típicos, e a descoberta do orgulhoso Pelourinho, erigido entre a capela do Espírito Santo e a Antiga Casa da Câmara, testemunhos da autonomia administrativa e judicial de que esta terra gozou até 1836, ano em que passou a integrar o concelho de Penamacor, em consequência da reforma administrativa liberal. Por perto, conservam-se ainda as ruínas do Castelo, que reforça o sentimento de um passado historicamente rico. No pequeno Núcleo Museológico instalado na capela de São Sebastião, podemos apreciar um interessante conjunto de estelas funerárias de rara tipologia.
Seguimos pelo caminho rural que nos conduz a Águas, aldeia onde, a par de antigas e respeitáveis construções, deparamos com um precioso modelo de arquitectura religiosa vanguardista, a igreja Matriz, da autoria do arquitecto Nuno Teutónio Pereira, que, com esta obra, datada de 1951, inaugura um novo modelo da arquitectura religiosa portuguesa, razão porque é hoje objecto de visita e estudo por parte de estudantes de arquitectura de todo o país. Em Águas, podemos ainda tratar reumatismos, dermatoses e doenças bronco-respiratórias na sua pequena mas eficaz unidade termal.
Retomando a estrada, chegamos a Aldeia do Bispo, terra onde foi achado o célebre tesouro da Lameira Larga, do período romano, de que faz parte a artística pátera em prata representando o mito de Perseu e Medusa, que hoje se encontra no Museu Nacional de Arqueologia. Vale a pena percorrer algumas das suas bonitas ruas, atentos aos sinais que aqui e ali nos dão pistas de um passado antigo.
Rumo a Aldeia de João Pires, atentemos na Cruz do Rebolo localizada à direita da estrada, antes de entrarmos, por ventura, na mais pitoresca povoação do concelho. As gigantescas sequoias dão-nos as boas vindas. Depois, é um contínuo de ruas, pequenos largos e recantos que nos arrebatam pelo pitoresco e singeleza das formas e alvenarias das suas casas. Uma visita ao pequeno mas precioso Museu é obrigatória, assim como à igreja, que chama a atenção pela sua elegante fachada, vitrais e Via Sacra.
Saindo de Aldeia de João Pires pela estrada de Aranhas, tomamos o caminho agrícola em direcção a Salvador. A paisagem induz uma agradável sensação de bem-estar, leveza e liberdade. Paisagem que pode ser apreciada na sua plenitude no miradouro de Santa Sofia ou, se se quiser observar uma das mais espantosas vistas que por estas terras se podem ver, é subir a uma das cristas quartzíticas que afloram na linha de cumeada da serra sobranceira a Salvador.
Já em Aranhas, terra de muitas tradições folclóricas e etnográficas, podemos voltar a apreciar a tradicional arquitectura popular e lembrar tempos em que a proximidade de Espanha recomendava prudência e muita vigilância, as ruínas da Atalaia, construção militar destinada à observação e comunicação de movimentações hostis no vasto campo visual que dali se alcançava.
Apontados ao Norte dirigimo-nos a Meimoa. Antes, contudo, oferece-se-nos a vasta área protegida da Reserva Natural da Serra da Malcata. Património natural de excelência, a Reserva traz o seu nome associado ao Lince Ibérico, espécie em risco de extinção, cujo habitat aqui se procura preservar. Mas a importância desta área protegida, longe de se confinar àquele objectivo, assenta, cada vez mais, na diversidade biogenética que encerra e na extraordinária beleza das sua paisagens. Um lugar onde cada um, à sua maneira, poderá dar livre curso aos seus mais íntimos sentimentos de comunhão com a natureza.
Para retemperar forças, Meimoa é o lugar certo. Os seus restaurantes colhem a preferência das vizinhanças, graças à saborosa comida tradicional. Para além disso, o visitante pode tomar contacto com o passado da aldeia e da região através das colecções de etnografia e arqueologia do Museu Mário Bento, instalado num antigo lagar de azeite, recuperado, ampliado e adaptado para o efeito. No período estival, a Zona de Lazer, enquadrada pela centenária Ponte Velha – ex-libris da aldeia –, é ponto de paragem irresistível!
A caminho do Meimão, espreitamos a albufeira da Meimoa serpenteando por entre montes, onde a prática de desportos náuticos vem progredindo e a pesca desportiva é uma constante. Atravessando o Meimão, não sem espreitarmos a igreja de São Salvador e a capela alpendrada de Santo Estevão, seguimos pela estrada panorâmica que nos guinda ao Alto dos Castanheiros, paredes meias com o vizinho concelho de Sabugal. A vista, lá de cima, é de cortar a respiração.
Depois de um curto trajecto fora do território de Penamacor, entramos no Vale da Senhora da Póvoa, onde a nossa admiração vai para a inesperada visão da Alameda dos Balcões, tendo por fundo a igreja de São Tiago. Não muito longe, fica o Santuário de Nossa Senhora da Póvoa, onde anualmente, pela Segunda Feira de Pentecostes, se realiza uma das maiores romarias das Beiras. A aprazibilidade do local convida a puxar do farnel e a desfrutar das sombras do arvoredo.
Para irmos a Benquerença podemos tomar o caminho rural que corre ao longo do sopé da serra da Opa. O castro de Sortelha-a-Velha, no alto da Alagoa, merece uma visita, a pé (pela banda do Anascer) ou em veículo todo-o-terreno (pelo caminho do canal). Do outeiro onde se ergue a ermida de Nossa Senhora da Quebrada, oferece-se uma bela panorâmica do vale fértil e verdejante que se alonga em direcção à Cova da Beira. Em Benquerença, depois de atentarmos nas suas bem talhadas fontes públicas e no monumental campanário da igreja, podemos repousar e refrescar no agradável espaço natural do Moinho, local perfeito para uma merenda na relva, ao som rumorejante do açude.
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Os comeres tradicionais de Penamacor andam naturalmente associados “ao que a terra dá”, isto é, aos produtos locais. As sopas à base de batata, couve, feijão e grão-de-bico pautavam a alimentação quotidiana, intercalada da conserva de salmoura do porco criado na pocilga, bem como dos enchidos, uma e outros rigorosamente doseados para durarem o ano inteiro. As carnes frescas, de aves, cabra ou cabrito, ovelha ou borrego, mais raramente de vaca, assadas no forno a lenha, estufadas ou guisadas em panelas de ferro, ao lume, eram habitualmente reservadas para algum acontecimento extraordinário ou para as épocas festivas. Isto, é claro, para a maioria do povo.
Pela matança do porco, conforme as localidades, apresentavam-se os arrozes de carnes ensanguentadas (o arroz da espinhela, suã ou cevã), nacos de soventre cozido, assados da fressura e, pela desmancha (ou desmanchação), as febras assadas ou guisadas.
O queijo, azeitonas de conserva, o toucinho, os enchidos, mais raramente o presunto, serviam para acompanhar o pão, tradicionalmente cozido nos fornos comunitários.
Os doces giravam essencialmente à volta do leite, o ingrediente mais à mão, com o qual se faziam os bolos de leite, o arroz-doce, as papas-de-milho.
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